Estávamos com vontade de conhecer Milho Verde. Para quem ainda não conhece é um distrito da cidade do Serro, famoso pelas suas cachoeiras e sua vida pacata. Mas como era feriado ficamos pesquisando os preços de pousadas e a que queríamos não estava disponível. Esticamos a busca e encontramos um outro lugar a apenas 7 km de lá chamado São Gonçalo do Rio das Pedras. Reservamos, arrumamos as malas e partimos no dia seguinte. Paisagens bonitas, logo após Curvelo, quando estamos por cima das montanhas, já próximo a Diamantina, temos a visão do parque eólico da CEMIG, com aquelas torres gigantescas.
Passamos pelo trevo de Gouvêa, prosseguimos por mais um tempo, trevo do Serro e chegamos em Milho Verde. Já como imaginávamos que seria e pouco depois, São Gonçalo do Rio das Pedras, nosso destino para este feriado.
Que pousada aconchegante. Colocamos nossas coisas no chalé e fomos para a área da piscina apreciar o belo dia de sol, ter uma vista do lugar. Muito bonito. Parecia estarmos no mesmo nível das montanhas em volta. Logo a seguir formos almoçar e conhecer um pouco da história e das atrações do distrito de São Gonçalo.
A primeira atração com que deparamos foi a Cachoeira do Comércio. Ela fica bem na área central e no início de um despenhadeiro. Lá existe alguns moinhos d’agua, destes que trituram o milho até virar fubá, com mais de 100 anos e que ainda funciona. Por ser um local bem alto, de lá avista-se boa parte da região. Não se esqueça de tirar a sua foto do pôr do sol.
Na lateral direita da Cachoeira do Comércio existe uma trilha que desce até o pé deste despenhadeiro. Quanto mais se desce mais o barulho da água batendo nas pedras aumenta. Mas formos somente até o meio do caminho, pois a cada metro que se desce, temos que lembrar da subida, na volta, afinal de contas são 85 metros de altura.
As ruas de São Gonçalo apresentam marcas do período colonial e são parecidas com as de outros distritos da região do Serro e Diamantina. Ruas calçadas com pedras, diferentes das que são vistas na região de Ouro Preto, quadrados, tipo paralelepípedo, mas sim grandes, irregulares e arredondadas, que dificulta o transito de veículos e pedestres. Qualquer pisada em falso e você já fica com o tornozelo torcido. Se chover então, piora bastante.
Ainda há alguns vestígios da arquitetura colonial em algumas casas do distrito, preservadas como também são as suas tradições culturais e festas religiosas. Mas são exemplares de muita simplicidade em sua maioria, tendo uma ou outra de maior interesse.
No dia seguinte fomos conhecer outras cachoeiras indicadas pelo pessoal da pousada, afinal são várias (Pedra da Rapadura, Grota Seca, Pacú, Cadete e outras) mas nos dois locais que procuramos, não conseguimos localizar e como não encontramos ninguém para perguntar, voltamos e fomos conhecer um pouco do distrito de Milho Verde.
Fomos em duas das diversas cachoeiras que existem por lá. A primeira, chamada Cachoeira do Moinho, uma das mais bonitas da região, fica logo na saída do distrito (2 km), sentido Milho Verde – Serro e possui uma estrutura para se permanecer por mais tempo. O nome vem de um velho moinho localizado próximo à queda da cachoeira.
No início, o riacho forma quase um lago, ao longo de uns 300 metros, para depois escorrer por um paredão rochoso de uns 30 metros de altura para ao final, lá embaixo formar um outro lago. Descendo um pouco mais o riacho começa a formar o Rio Jequitinhonha.
A outra, chamada Cachoeira do Carijó, fica um pouco atrás na rodovia (3 Km), sentido Milho Verde- Serro, com acesso bem mais fácil e muito menor e não tem nenhuma estrutura de atendimento.
Mas existem outras cachoeiras em Milho Verde (Piolho, Lageado, Baú). Esta capela, construída no século XIX, em barro e madeira pelos escravos e negros livres da região, símbolo e cartão postal do distrito, foi dedicada à Nossa Senhora do Rosário. Acabamos por almoçar por lá mesmo, em Milho Verde, após conhecer as cachoeiras.
Antes de finalmente pegar o trecho de terra para voltar para São Gonçalo fomos conhecer o Chafariz das Goiabeiras. Uma antiga fonte de água que a população antiga usava para beber e lavar roupas, o que alguns ainda hoje praticam. O nome vem da goiabeira que nasceu junto a estrutura da fonte.
No dia seguinte, acordamos cedo e logo após o café seguimos para Diamantina, utilizando um trecho da estrada real, cerca de 30 km em estrada rural (terra). Belas paisagens, algumas pousadas tranquilas a beira do caminho e peregrinos percorrendo a pé este trecho da estrada. O final da estrada é bem junto ao centro histórico.
Diamantina tem um ar diferente de Ouro Preto, a começar por um mercado instalado bem no meio da praça, onde estava até difícil de entrar com tanta gente ali dentro.
As ruas, os becos, os casarões, mostra uma parte da cidade muito bem conservada.
Nas lojas e nos becos, encontra-se de tudo, desde artesanato até pirulitos feitos de melado que me fez lembrar dos tempos da escola. Por todo lado, na praça e arredores, os arranjos de flores sempre-viva, uma espécie nativa da região.
Andamos conhecendo um pouco da arquitetura da cidade, mas sem aprofundar muito, com tanta gente na cidade fica difícil o deslocamento. É muito complicado conhecer estas cidades históricas em feriados, já que o volume de turistas aliado ao movimento normal da cidade, cria um volume de clientes que faz com que alguns locais não consigam dar um bom atendimento.
Almoçamos na praça do mercado e viemos embora no final da tarde, pela mesma estrada que nos levou até lá, já que passando pela rodovia asfaltada, aumentaria em pouco mais de 50 km o percurso.
No fim de tarde pudemos apreciar um lindo pôr do sol, já na pousada, fechando o passeio de três dias, onde pudemos conhecer belas cachoeiras, ver belas paisagens, andar pela estrada real, conhecer dois excelentes locais para passear e de quebra, uma passagem rápida por Diamantina, com toda a sua história.
No dia seguinte, levantar, tomar café e pegar a estrada antes do almoço para evitar os congestionamentos nas rodovias e na chegada à BH.
Como chegar: Saindo de BH siga pela BR-040 até o trevo de Curvelo, logo a seguir pela direita, pela BR-259 até o trevo de Gouvêa, novamente à direita até o trevo da entrada do Serro, pegando a esquerda até Milho Verde e depois São Gonçalo do Rio das Pedras (7 km em estrada de terra). Aproximadamente 330 km de BH.
Onde passear:
Em São Gonçalo do Rio das Pedras:
Cachoeira do Comércio, Rapadura, Grota Seca, Pacu e Cadete. A primeira fica no centro do distrito, as demais ficam de 3 a 5 km de distância do centro.
Em Milho Verde:
Cachoeira do Moinho, do Carijó, Piolho, Lajeado e Baú. As duas primeiras ficam logo na saída de Milho Verde (2-3 km) e a demais de 4-8 km do centro do distrito.
Em Diamantina:
Mercado dos Tropeiros – Praça Barão do Guaicuí – centro
A cidade possui muitas outras atrações (museus, igrejas, casas coloniais), entretanto, não estava previsto prolongar por mais tempo o nosso passeio. Mas voltaremos a cidade para passar um tempo maior e conhecer as atrações.
Onde hospedar: Existem poucas opções em São Gonçalo, mas a Pousada Mirante do Vale, onde ficamos, foi sensacional no atendimento e nas acomodações. Era tudo que esperávamos nos dias que passamos por lá.
Onde comer: Também as opções são poucas, quando estivemos por lá, preferimos comer uma porção de petiscos na pousada a sair para jantar, já que estávamos em deslocamento durante o dia.
Serviço:
São Gonçalo do Rio das Pedras – não há cobrança para acesso as cachoeiras.
Milho Verde – Na cachoeira do Moinho, paga-se pelo acesso ao local.
Categories: Cidades Históricas, Circuito dos Diamantes, Turismo Rural
Tags: cachoeiras, Diamantina, Milho Verde, Serro.
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